Cenários de Doramas Viram Roteiro de Viagem
Os doramas deixaram de ser apenas maratonas no sofá — eles viraram roteiros de viagem. Depois da pandemia, visitar cenários de séries favoritas tornou-se um dos motores que mais crescem no turismo asiático: em 2024, mais de um terço dos visitantes estrangeiros na Coreia do Sul disseram ter escolhido o destino graças a conteúdos do “Hallyu” (onda coreana).
O “set-jetting” pós-pandemia
Com fronteiras reabertas, fãs ansiosos começaram a replicar cenas icônicas — e a gastar. A Organização de Turismo da Coreia estima que cada turista motivado por doramas deixa cerca de US$ 1 600 na economia local, entre hospedagem, alimentação e compras de produtos licenciados.
Locações que viraram pontos de peregrinação
- Jumunjin Breakwater (Goblin) – O píer onde Gong Yoo entrega o guarda-chuva recebe filas diárias para a foto “clássica”. Lojas de aluguel de cachecóis duplicaram na região.
- Pohang (Hometown Cha-Cha-Cha) – O vilarejo fictício “Gongjin” elevou o fluxo de visitantes em 65 % em 2023 e ganhou tours de um dia saindo de Busan.
- Nami Island (Winter Sonata) – Duas décadas depois, o corredor de plátanos ainda figura entre os cenários românticos mais procurados da Ásia.
Muito além da Coreia
| País | Case de sucesso | Efeito |
|---|---|---|
| China | Hengdian World Studios (locação de “Story of Yanxi Palace”) | Alta de 10 × em turistas internacionais em 2024. |
| Tailândia | Tours de BL dramas como My School President e KinnPorsche | Roteiros que conectam Bangkok, Chonburi e Prachuap viram pacotes temáticos em agências locais. |
| Japão | Sasebo (locações de Alice in Borderland) | Prefeitura investiu em sinalização bilíngue e cafés instagramáveis para fãs. |
Economia criativa em números
1. Cafés temáticos – Cenas recriadas rendem tíquetes de entrada + consumo; em Seul, o faturamento médio desses cafés subiu 48 % em 2024.
2. Produtos oficiais – Réplicas de acessórios (“Pingente de Cheong-ah”, “Barrette da Jang Man-wol”) viram itens de coleção.
3. Tours guiados – Pacotes de 4 dias focados em K-drama movimentam agências especializadas e motoristas locais.
Streaming + redes sociais = marketing orgânico
Plataformas como Netflix, Viki e Disney+ incluem mapas interativos em páginas de títulos, e challenges no TikTok incentivam o repost dos “lugares de sonho”. Esse conteúdo viral transforma cenas de 20 segundos em filas de 200 metros em poucas semanas.
Dicas para o viajante “dramalover”
- Planeje fora da alta temporada – Evita multidões e ajuda a comunidade local.
- Respeite moradores e cenários – Muitas locações são bairros residenciais.
- Compre ingressos de tours oficiais – Garante que parte do valor retorne à conservação do local.
- Aprenda frases básicas na língua local — um “obrigado” no idioma nativo faz diferença.
Desafios e sustentabilidade
O boom turístico também traz riscos: superlotação, impacto ambiental e, no caso da Coreia, instabilidade política recente que afeta o fluxo de visitantes. Destinos que se preparam com infraestrutura, limitação de visitantes e rotas alternativas tendem a colher benefícios duradouros.
Conclusão
Dos becos de “Goblin” às vilas litorâneas de “Hometown Cha-Cha-Cha”, os doramas provaram que histórias bem contadas vendem muito mais do que emoção — vendem passagens aéreas, hotéis, cafés, lembrancinhas e sonhos inesquecíveis. Para os fãs, cada episódio é agora um convite a tirar o passaporte da gaveta. Para os destinos, a lição é clara: investir em narrativa cultural pode ser o melhor roteiro de desenvolvimento econômico.
Publicado em 24/04/2025, por Equipe mkmcore.